O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, nega que tenha seguido uma ordem do presidente Jair Bolsonaro para suspender a vacinação em adolescentes de 12 a 17 anos. A medida foi anunciada na quinta (16).
“Bolsonaro não mandou nada. O presidente não interfere nisso daí”, afirmou Queiroga à Folha de S.Paulo.
Em declaração à imprensa na quinta-feira (16), Queiroga reconheceu que Bolsonaro fez questionamentos sobre a vacinação dos jovens.
“O presidente me cobra todo dia essas questões de vacinação, sobretudo com essa questão dos adolescentes”, disse o ministro.
“O presidente é muito preocupado com o futuro do país. Hoje mesmo ele me ligou: ‘Queiroga, olha aí’. Sim senhor, presidente, pode ficar tranquilo que vamos olhar isso aqui com cuidado”, afirmou ainda. O ministro não deu detalhes sobre o que pediu o presidente.
Em transmissão nas redes socais ao lado do ministro, Bolsonaro também itiu que deu a ele suas “opiniões”.
Aliados de Queiroga e integrantes do governo que acompanharam o recuo afirmam que Bolsonaro fez cobranças a partir de declarações que circulavam nas redes sociais de supostas reações adversas das vacinas.
O ministro afirma que a suspensão da vacinação em adolescentes começou a ser discutida por ele na quarta (15). “Eu fui a São Paulo e tomei conhecimento de um evento adverso que pode estar relacionado à vacina. A minha obrigação é averiguar”, afirma ele.
O Centro de Vigilância Epidemiológica de SP investiga a morte de uma adolescente de 16 anos que estaria relacionada à aplicação da vacina da Pfizer. Moradora de São Bernardo do Campo (SP), ela recebeu o imunizante oito dias antes. O protocolo, nestes casos, é o de que haja uma apuração. Até o momento, não há comprovação de que o óbito esteja relacionado à vacina.
Queiroga diz que a suspensão decidida agora é parecida com o da aplicação da vacina da AstraZeneca em grávidas, em maio, que ocorreu depois da morte de uma gestante que tinha recebido o imunizante.
“O gestor sou eu, e não o pessoal que dá entrevistas em TVs. Eu sou o responsável. Houve um evento adverso grave, eu tenho o compromisso de investigar”, diz ele. “Eu tenho que arbitrar essas questões. Sou o ministro e não vou me furtar”, segue.
Queiroga afirma que depois de tomar conhecimento da morte da adolescente, pediu à sua equipe que levantasse na base do SUS o número de pessoas de 12 a 17 anos que já tinham sido imunizadas. E diz que se espantou com o número de mais de 3,5 milhões de imunizados.
“A vacinação desta população começaria no dia 15 de setembro. Como tantos já tinham recebido doses"> Canal do Whatsapp