Pela primeira vez em 2021, o Acre figura na terceira posição entre os Estados que mais destruíram a Amazônia, segundo dados do Sistema de Alerta de Desmatamento (SAD), desenvolvido pelo Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon).
O relatório aponta que foram 236 km² de floresta desmatados em agosto, representando 15% do total de áreas monitoradas. Deste quantitativo, apenas dois municípios, Sena Madureira e Feijó, somaram 95 km² de desmatamento, 40% do registrado no estado.
O Acre também teve duas entre as 10 unidades de conservação com as maiores áreas destruídas em agosto, a Resex Chico Mendes e a Resex do Cazumbá-Iracema.
“O Acre apresenta uma dinâmica de desmatamento com áreas menores, mas em grande quantidade. Quando analisamos o mapa de perda de floresta na Amazônia, notamos uma intensidade muito alta de ocorrências de alertas no Acre, especialmente na divisa com os estados do Amazonas e de Rondônia. Isso indica a possibilidade da região estar sendo alvo do avanço da fronteira do desmatamento, que está mais evidente no sul do Amazonas”, explica Antônio Fonseca, pesquisador do Imazon.
Desmatamento recorde na Amazônia 6z1ov
O Imazon apontou que, em agosto, uma área equivalente a cinco vezes o tamanho de Belo Horizonte foi desmatada na Amazônia, o maior índice para o mês em 10 anos. Com isso, o acumulado, desde janeiro de 2021, também ficou como o pior da década.
Com 1.606 km² de floresta destruída, agosto foi o quinto mês deste ano em que o desmatamento atingiu o pior cenário, desde 2012. Março, abril, maio e julho também tiveram a maior área devastada em 10 anos, o que indica que as medidas tomadas para combater a derrubada não conseguiram baixar o ritmo do dano ambiental.
Em relação a agosto do ano ado, a área desmatada neste ano é 7% superior. Já o acumulado de janeiro a agosto, de 7.715 km², é 48% maior do que no mesmo período de 2020.
“Se quisermos evitar que o ano feche com a maior área desmatada da década, precisamos urgentemente adotar ações mais efetivas, como aumentar o embargo de terras já desmatadas ilegalmente e intensificar operações de fiscalização, com a devida punição dos desmatadores”, alerta Antônio Fonseca, pesquisador do Imazon.
Além disso, o especialista aponta que é preciso destinar terras públicas que ainda não tiveram seu uso definido para criação de novas áreas protegidas, como unidades de conservação, terras indígenas e territórios quilombolas. Outra medida, segundo ele, seria barrar projetos de lei que flexibilizam regras para regularização fundiária, retiram direitos dos povos indígenas e reduzem áreas protegidas.

Monitoramento da Amazônia 3r417
O Sistema de Alerta de Desmatamento (SAD), desenvolvido pelo Imazon, é uma ferramenta que utiliza imagens de satélites (incluindo radar) para monitorar a floresta. Além do SAD, existem outras plataformas que vigiam a Amazônia: Deter, do Inpe, e o GLAD, da Universidade de Maryland.
Todas são importantes para a proteção ambiental, pois garantem a vigilância da floresta e a emissão de alertas dos locais onde há registro de desmatamento. Os dados fornecidos ajudam os órgãos de controle a planejarem operações de fiscalização e identificarem desmatadores ilegais.