“A tutta la terra: la pace sia con voi.” Qxalá! Inshallah! I hope so! Ojalá! Ouvi o primeiro discurso de Leão XIV, e gostei das sinalizações. Claro que, nas atuais condições do mundo, no primeiro instante levei um susto, ao saber do primeiro papa dos Estados Unidos. Mas a sua mensagem, em italiano sem sotaque, foi de paz, de diálogo, de acolhimento sem discriminação. Além de estadunidense, é peruano. E além de inglês, pois que nasceu em Chicago, fala italiano, espanhol, francês e latim. Pela paz, espero que tenha mais sucesso que o Papa Francisco. Leão XIV, segue a linha de Santo Agostinho que aproximou a discussão filosófica e a temática popular, ele fez o que não foi comum à prática medieval, cheia de preconceitos em seus hábitos aristocráticos, imaginar a origem do livre-arbítrio deixava os teólogos horrorizados, como vou explicar aos noviços que as entranhas se revolvem e sentimos o corpo falar à alma? Obviamente podemos encontrar questões de escolha em casa ou em alguma roda prendada, podemos ouvi-la em um confessionário, da boca de um padre para quem a sugestão é maligna: somos livres para escolher, a escolha seleciona o melhor, ou seja, o deixará bem com você mesmo. Santo Agostinho acredita que devemos ser fiéis a nós mesmos, é o mesmo argumento apresentado por Nietzsche, leitor de Espinoza, que enxergou na escolha apenas a necessidade e duvidou do livre-arbítrio, para alguns mais precipitados o livre-arbítrio simplesmente não se conforma à existência em que lutamos para nos manter no controle e guardamos algumas funções que consideramos imprescindíveis. A ajuizamento no qual o gosto decide em última instância, no fundo chegamos ao entendimento em que compreendemos a individualidade, pois a escolha é feita por mim, mas não sou eu que seleciono, a seleção são olhos que me examinam querendo saber que o livre-arbítrio segue o caminho da verdade para alinhar-se à liberdade da vontade. 5t4649
Santo Agostinho forneceu os fundamentos da doutrina social da Igreja Católica Apostólica Romana, não por qualquer determinação que afixando os olhos do outro lado não consegue ver o entorno e termina agindo cegamente sem nenhuma reflexão, se pensamos na moral que se aferra estupidamente à causa compreendemos o risco que corremos de sucumbir ao fanatismo.
Na medida em que nos desprendemos da causa e nos aproximamos da finalidade o movimento que se repetia uniformemente ganha fluência e adquire desenvoltura, ficamos mais inteligentes e ao invés de ceder ao cálculo experimentamos as curvas, dizemos que a sociedade faz sentido para nós que nos entendemos quanto a ação definida pela capacidade de fazer as coisas acontecerem na medida em que damos solução aos problemas. Santo Agostinho acredita no amor que se depreende quando compreendemos o indivíduo coletivamente, pois a sociedade é da ordem das relações que se aprofundam na medida em que entramos no conhecimento um do outro.
O caráter pastoral do Evangelho tem um sentido eminentemente sociológico, para resolver os problemas devemos formulá-los com precisão, o problema da pobreza não é o pobre se compreendemos a exploração que subjuga o trabalhador. Para compreender na luta de classe a luta pelo direito devemos ter ciência de que o mais importante não é assegurado pela lei que me compreende em mim estrutura a personalidade definida como o eu num mundo de relações que nos desafiam.
É o conceito que se desenvolve fazendo justiça, em termos filosóficos agimos propositadamente como indivíduos independentes e soberanos.
O livre-arbítrio reclama a coragem de um leão que observa o território para além das fronteiras, à sombra de uma árvore contemplamos a paz que impera e percebemos que a dominação só pode se valer pela violência; instalamos a prudência, colocamos as coisas nos termos que lhes são próprios, na medida em que assumimos a responsabilidade encontramos no livre-arbítrio o amor fati, pois na fatalidade não nos determinamos a nada, o afeto dá o norte e define o estilo papal de grande o coração.
O papa que substituirá Pedro, o primeiro deles, a quem foi atribuída, por Jesus, a condução da sua igreja.
Salve Leão XIV.
Que faça jus ao legado que recebe.
Que se mantenha em sintonia com o seu tempo, para ser o denominador comum entre os que querem a vitória do bem.
Que conscientize os nossos contemporâneos da urgência dos cuidados para com os mais desassistidos, nessa sociedade complexa que prefere “construir muros e não pontes”.
Que conscientize os incautos de que ser católico é simples: basta lembrar – e agir – com compaixão dos irmãos que caminham ao nosso lado.