Após a prisão de Poze do Rodo nesta quinta-feira (29/5) pela Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE), nomes do rap e funk usaram as redes sociais para criticar a detenção e defender o cantor. Major RD afirmou: “Segurado pelo pescoço, como se fosse o maior traficante do Rio de Janeiro. Por que canta no baile? É apologia cantar no baile? Se não fosse o Poze, seria outra pessoa; vocês são tudo safado, o baile rola embaixo do nariz de vocês, porque vocês recebem para o baile rolar”.
O cantor MC Daniel também protestou: “Nada vai apagar o brilho dele. Parece que foi ele que roubou o INSS. Se tivessem metade da disposição para prender quem realmente faz coisa errada, o Brasil seria país de primeiro mundo”. Ainda questionou: “As novelas que relatam o crime não são apologia? As séries não são apologia? O problema do Brasil é o Poze? Quem fornece as armas é ele? Quem deixa a droga vir de fora do país é ele?”.
MC Cabelinho abordou o tratamento dado a Poze do Rodo: “Quem decide o que é apologia ao crime?”. Em vídeo, afirmou: “Desde sempre, a cultura preta, favelada, periférica, é criminalizada. Desde sempre. E ultimamente isso vem se intensificando, tá ligado?”. O artista também comparou a atuação em novelas com a criminalização de MCs: “Quando eu atuei na novela das nove, que eu fiz um papel de traficante em ‘Amor de Mãe’ na Globo, era arte, né? Quando eu fiz um papel de bandido na novela ‘Vai na Fé’, era arte. Quando um roteirista escreve a vida de um traficante e relata o que acontece na favela, é arte. Agora, quando um MC, funkeiro, favelado, relata o que acontece na favela, que é a realidade dele, é apologia ao crime. Vocês percebem o quanto isso é subjetivo?”.
Segundo MC Cabelinho, Poze teria sido humilhado durante a abordagem policial: “O menor foi pra delegacia descalço, sem camisa, algemaram o menor, humilhando ele na frente da família, dos amigos. Essa luta não é só sua, essa luta é nossa. Tô contigo, conta com o meu apoio, com o apoio dos meus fãs”.
Equipe de Poze do Rodo rebate acusações e fala em “perseguição”
Em nota, a equipe de Poze do Rodo afirmou que o cantor foi surpreendido pelo mandado de prisão e pela apreensão de itens em sua casa. “A acusação de associação ao tráfico e apologia ao crime não fazem o menor sentido, Poze é um artista que venceu na vida através de sua música”.
A defesa criticou a criminalização de MCs: “Muitos músicos, atores e diretores têm peças artísticas que fazem relatos de situações que seriam crimes, mas nunca são processados, porque se tratam justamente de obras de ficção. A prisão do Poze, ou mesmo a prisão de qualquer MC nesse contexto é na realidade criminalização da arte periférica, uma perseguição, mais um episódio de racismo e preconceito institucional, a forma absurda que o Poze foi conduzido é a maior prova disso”.
Quem é Poze do Rodo?
Criado na Comunidade do Rodo, em Santa Cruz, Poze do Rodo adotou o nome artístico em homenagem à origem. Ele afirma que a carreira musical foi um caminho para sair do tráfico: “Já troquei tiro, fui baleado e preso também. E eu pensei: vou querer ficar nessa vida aqui ou viver uma vida tranquila? Então, eu foquei em viver uma vida tranquila, batalhei e hoje em dia eu o isso para a molecada: o crime não leva a lugar nenhum”.
Poze ganhou notoriedade em 2019 com “Tô Voando Alto”, parceria com DJ Gabriel do Borel, além de sucessos como “A Cara do Crime”, “Me Sinto Abençoado”, “Essência de Cria” e “Diz Aí Qual é o Plano?”. Suas letras frequentemente abordam o cotidiano das comunidades e têm sido alvo de polêmica por suposta apologia ao crime.
O MC já havia sido preso em 2019 por apologia ao crime durante show em Mato Grosso. Atualmente, mora em mansão no Recreio dos Bandeirantes com a esposa, Vivi Noronha, mãe de três de seus cinco filhos. Ele também é pai de Jade, filha de Isabelly Pereira, e Manu, fruto do relacionamento com Myllena Rocha.
O cantor ostenta bens de alto valor, como cordão de ouro de R$ 650 mil apreendido em 2024, e uma BMW X6, avaliada em cerca de R$ 1 milhão, apreendida na operação desta quinta-feira. O veículo foi retido por supostas irregularidades na documentação.
O espaço segue aberto para posicionamentos, declarações e atualizações das partes citadas, conforme evolução do caso.