A adolescente de 15 anos que morreu no Distrito Federal supostamente após uso de cigarro eletrônico apresentava uma tosse persistente havia quatro meses. Porém, a menina escondeu dos pais e dos médicos que fazia uso do item, também conhecido como vape ou pod. O vício só foi revelado na última internação da jovem, que morreu na noite de quarta-feira (28/5), após ser transferida do Hospital Universitário de Brasília (HUB) para o Hospital Regional da Asa Norte (Hran).
A médica Maria Enedina Scuarcialupi, da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT), confirmou ao Metrópoles que, durante a última entrevista feita pelos médicos que a atenderam, a adolescente revelou que estaria usando pod havia pelo menos 3 meses.
“É uma menina que já estava indo em algumas consultas. Estava há 4 meses com uma tosse e não melhorava. Quando precisou ser internada, na entrevista médica, ela comentou que fazia o uso do vape havia mais de 3 meses. A família, até então, não sabia de nada”, diz a profissional.
Segundo Enedina, o cigarro eletrônico tem potencial de causar lesões mortais no pulmão. “Depende da intensidade. Tem relatos de pessoas que, apenas em um fim de semana de uso do vape, precisaram ser internadas com problemas pulmonares. É assustador”, detalha.
Problemas de saúde relacionados ao uso prolongado de vape
- Doenças pulmonares crônicas: são comuns casos que incluem bronquite crônica e enfisema, doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) e fibrose pulmonar.
- Problemas cardiovasculares: o consumo frequente causa aumento da pressão arterial e frequência cardíaca, maior risco de infarto do miocárdio e AVC e danos nos vasos sanguíneos.
- Efeitos neurológicos: usar vape por muito tempo causa dependência da nicotina, alterações no cérebro em desenvolvimento, aumento da ansiedade e irritabilidade.
- Risco de câncer: a exposição a substâncias presentes no vape pode levar ao desenvolvimento de cânceres.
- Doença pulmonar associada ao uso de produtos de cigarro eletrônico (EVALI, em inglês): lesão pulmonar causada pelas substâncias contidas no vape e que pode deixar sequelas permanentes.
agem por hospitais
A menina, que não terá a identidade revelada em respeito à família, deu entrada no Hospital Cidade do Sol, em Ceilândia, em 18 de maio via regulação, na unidade de enfermaria clínica, proveniente da Unidade de Terapia Intensiva do Hospital Materno Infantil de Brasília. O diagnóstico era de pneumonia comunitária, pneumonia por influenza A e Lesão Pulmonar Associada ao Uso de Produtos de Vaping ou Cigarro Eletrônico (EVALI, em inglês).
Ela recebeu tratamento com combinação de antibióticos de amplo espectro, terapia com corticosteroides e e clínico para alívio dos sintomas. Apresentou evolução clínica satisfatória, com acompanhamento da fisioterapia para reabilitação pulmonar.
Após 48 horas da issão, a adolescente apresentou febre persistente. O tratamento foi ajustado, com ampliação da proteção contra infecções.
Porém, devido à necessidade de continuidade do cuidado especializado, ela foi enviada ao Hospital Universitário de Brasília (HUB). A paciente foi transferida via regulação na manhã de terça-feira (27/5), para acompanhamento especializado pela equipe de pneumologia.
Já no HUB, a reportagem apurou que a menina apresentou uma piora rápida. Ela precisou ser intubada e houve a necessidade de encaminhá-la a uma unidade de terapia intensiva (UTI). Por isso, foi transferida para o Hospital Regional da Asa Norte (Hran). No entanto, a jovem não resistiu e faleceu.
A suspeita clínica é que a menina tenha sido acometida por EVALI. Porém, a confirmação só poderá ser feita após a necrópsia do corpo.